Personagens: o protagonista

Semana passada falamos sobre como construir um bom personagem de modo geral, mas é claro que cada um tem seus diferenciais. Então, como prometido, vamos falar de cada um. Começando, claro, pelo principal.

Protagonista... O cara que vai fazer tudo acontecer... Ou não.

Um bom protagonista deve ser voluntarioso, ou seja, agir de acordo com a sua vontade.

Daí você pensa: Ah! Então personagens que estão seguindo ordens de um sequestrador pra salvar alguém (e esse é só um exemplo de quando um personagem principal tem que se submeter à alguém) não são personagens principal?

Podem ser, sim! De um jeito ou de outro, ele está tomando as decisões principais. Ele que está decidindo seguir aquelas ordens, pelos motivos que lhe cabem. É a história dele que está sendo contada. E, normalmente, é sua história e suas decisões que o levam aquela situação. Em situações desse tipo, o personagem principal tem a opção de não seguir as ordens, mesmo que as consequências sejam extremas.

E isso significa que ele é consciente das coisas que faz. Ele sabe o que está fazendo, mesmo que o que ele esteja fazendo seja arriscar algo. Ele tem noção de quais podem ser as consequências, mesmo que as vezes elas acabem sendo outras.

E isso quer dizer que ele não é passivo das ações dos outros. Ele não vai apenas reagir. Ele também age.

O Batman não espera o Coringa atacar para ir atrás dele. Harry Potter não esperou Voldemort ir atrás dele pra começar a destruir as relíquias da morte (ok, talvez ele meio que tenha. Mas ele nem sabia que era bruxo antes disso!).

As ações desse personagem são uma prova da sua força de vontade para alcançar seu objetivo. E ele deve ter, pelo menos, uma chance de conseguir isso, mesmo que não dê certo.

E, o mais importante! Seu personagem deve ser empático. Seja ele um mocinho ou um vilão, faça ele as coisas certas ou erradas, as pessoas devem se identificar com ele de alguma forma.

Um bom personagem principal é aquele que tem uma história que nos faz pensar “se fosse eu...”, e que nos permita nos colocar no lugar dele. Mesmo em uma história de fantasia!

Para o seu personagem principal ser um bom personagem principal, os leitores devem gostar dele. Ou gostar de odiar ele.

Enfim, se você gosta de estudar construção de personagens, já ouviu falar de Syd Field. E se tem uma frase que define um bom personagem principal, é a dele: “A história ficcional é comportamento; personagem é ação e ação é personagem. Uma pessoa é aquilo que ela faz e não o que ela diz”.

Podemos tirar duas coisas dessa frase.

Primeiro: um bom personagem principal é aquele que pode ser compreendido pelas suas ações, e não só pelo o que fala.

Segundo: É importante tomar cuidado com as contradições entre aquilo que o personagem principal diz e o que ele faz.